Não voltaremos iguais

Lágrimas. Emoção. Nada descreveria melhor nosso último dia de missão na comunidade Terra Preta, em Manaus, Amazonas. Foram dez dias de experiências que marcaram a vida de todos os missionários voluntários. Bem que alguém disse que a pior parte da missão é a despedida. Em tão pouco tempo criamos laços muito significativos com essa comunidade que nos abraçou. Foi cansativo? Com certeza! E era pra ser assim mesmo. Não saímos de São Paulo em busca de diversão, muito menos de entretenimento. Saímos do nosso lar com o único propósito de levar Jesus a uma comunidade que vive de maneira simples e que não tem os mesmos acessos e oportunidades que nós temos na cidade. Nosso objetivo foi levar conforto a corações que precisavam de esperança.

Corações como o do irmão Neri, que nos surpreendeu com seu batismo. O pastor local Marivaldo, que atende essa região, realizou o batismo de Neri no Rio Negro. Consegue imaginar a cena? É quase impossível descrever. Foi um momento pra lá de especial.

Na sexta-feira, última noite de evangelismo, mais de 60 visitantes compareceram ao centro comunitário. Lá, as crianças fizeram uma apresentação especial para os voluntários. Todos nós ficamos emocionados. Eram lágrimas para todos os lados (risos).

Já em nosso último sábado em Terra Preta, fomos ao culto na Igreja Adventista, agora revitalizada. Adoramos a Deus na companhia dos irmãos. Quando o culto finalizou, nos dirigimos ao barco e as crianças nos acompanharam. De cima da embarcação dissemos adeus àqueles pequenos, com o coração apertado de saudade, mas feliz pelo trabalho que realizamos e por termos feito amigos tão especiais.

Motor ligado, hora de ir embora. Assim como na ida, viajamos cerca de dez horas pelo Rio Negro. Está chegando o momento de entrarmos no avião e voltarmos para casa, para matar a saudade dos nossos cônjuges e filhos, que já nos aguardam ansiosos.

Depois dessa jornada, muita coisa mudou. Hoje conseguimos enxergar a vida de maneira mais valorosa e percebemos o cuidado de Deus nos mínimos detalhes. É possível ser feliz com pouco. É possível apreciar a criação de Deus ao contemplar a natureza. É possível nos desconectarmos um pouco das redes digitais para nos conectarmos com pessoas reais.

Talvez nunca mais vejamos os moradores de Terra Preta. Mas isto é certo: queremos encontrar todos eles no Céu.

Estamos chegando em casa, mas não voltaremos iguais.

"Nossa despedida foi emocionante. Choramos muito, pois muitas
vidas foram restauradas e famílias foram restituídas."

Jacqueline Camargo